sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Não faça tempestade em copo dágua


"Minutos de Sabedoria", versão pseudo-científica
Você já viu de relance ou mesmo leu "Minutos de Sabedoria", de C. Torres Pastorino? (Tem pra vender por 1$99, acho, em qualquer banca de jornal, há decadas).
Pois é. "Não faça tempestade..." é igualzinho. Não passa de uma coletânea de frases amenas que tem por objetivo relaxar o leitor. Estilo: "Quando você começar a se sentir mal, faça um esforço feliz para se sentir bem!" Fora isso, está escrito no mesmo formato: enunciados soltos, que podem ser lidos em qualquer ordem, basta escolher uma página aleatoriamente.
O problema é que ao contrário de seu ancestral, "Não faça tempestade..." tem a pretensão de ser científico. O título de PhD do autor é exposto de forma insistente, bem como na introdução diz-se que a obra é o resultado da integração "da Filosofia Oriental com a Psicologia Ocidental".
Em suma, pura obviedade que funciona como doses homeopáticas de anestesia pro stress. A mensagem do livro é essa "Tudo na vida são copos dágua" (aliás, é o sub-título do livro) "portanto, relaxa, cara!"
Se essas doses funcionam pra relaxar? Não sei não.. Afinal, o autor "teve" que lançar novas versões do livro. Sente só os títulos:

"Não faça tempestade em copo dágua NA FAMÍLIA"
"Não faça tempestade em copo dágua NO TRABALHO"
"Não faça tempestade em copo dágua PARA ADOLESCENTES"
etc
Um dia espero que ele lance algo como "Não faça tempestade em copo dágua COM AUTO-AJUDA"

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Psicólogos devem ler auto-ajuda?

PRÉVIA: recomendo que você só leia este post se já leu e está bem lembrado do primeiríssimo post deste blog, onde explico o que é auto-ajuda.


Ok, ok. Lá estou eu, Alessandro, psicólogo, na livraria. Minha profissão tem na palavra um instrumento central, talvez o maior de todos, por isso vou muito em livrarias, sempre tenho uma listinha de obras da minha área que preciso e quero ler.

Adivinhem, contudo, qual a primeira prateleira na qual eu sempre vou?

Auto-ajuda!

Claro que eu nunca compro os livros. Hehehehe. Apenas sondo os títulos, os temas, folheio, leio as orelhas, etc.

Apesar de abominar tudo aquilo que ela representa, acho fundamental que os psicólogos estejam por dentro do que rola nesse mercado.

Os motivos são vários:

1) o conjunto desses livros fornece uma radiografia dos problemas atuais. Por exemplo, se muitos casos de anorexia aparecem, do dia pra noite surgem diversos livros de auto-ajuda sobre o tema.

2) os clientes do psicólogo muitas vezes vão chegar até ele com conceitos e idéias que extraíram desses livros, e o psicólogo precisa entender essas bobagens para se comunicar com o cliente

OBS: Isso é especialmente verdade para o psicólogo organizacional !!

3) esses livros representam a mediocridade em termos de tratamento de problemas. Estando por fora deles, você está por fora até mesmo da mediocridade! (É como dizer "Não vejo TV" e em seguida criticar prolixamente a TV, após ter confessado que não sabe quase nada sobre ela).

Mas, voltando a pergunta título deste post: o psicólogo deve ler auto-ajuda?

Minha resposta, enfática: NÃO!

Ele só precisa ler meu Blog. ;-)


Hehehe, falando sério... Quero dizer que precisamos estar antenados com o que rola nesse mercado, mas não devemos estudar esses livros, visto que na verdade não são livros, são produtos. Já temos muitos livros clássicos e atuais de Psicologia de verdade para estudar, e não cabe ficar enfiando tosquice na lista.

A atitude do psicólogo diante da auto-ajuda deve parecer a de um antropólogo diante de uma tribo perigosa: dialogue, sonde, pesquise, mas numa distância saudável e sem se tornar um deles.

Minha recomendação: discuta a auto-ajuda, seus sinais, sua atualidade, suas tendências, seus significados. Mas não mergulhe nela, porque você certamente voltará cheirando mal se o fizer.

"O Homem Mais Rico da Babilônia"




Pasme, caro leitor: eu vou falar BEM deste livro!!!!
Você encontra até por 19$90 por aí, mas só compre se depois de ler este
post você ficar especialmente interessado.



"O Homem Mais Rico da Babilônia" é uma rara exceção no mercado da auto-ajuda, visto que ele é inovador, gostoso de ler e realmente tem algo a dizer.

Ok, ok, explico.

Essas qualidades do livro só são possíveis porque ele foi escrito na década de 1920. Ou seja, ele representa uma auto-ajuda ainda "pura" comparada com a indústria altamente munida de hoje.

Para a época foi uma inovação falar de educação financeira em um livro ficcional, e não em chatíssimos manuais ou colunas de jornais. Mais inovação ainda foi fazer isso no formato de uma fábula moral. A narrativa é cativante e divertida, e gira em torno do Reino da Babilônia, onde o Rei ordena que Arkad, o homem mais rico do Reino, ensine a seus ministros e uma grande comitiva de comerciantes a arte de enriquecer, para que assim a Babilônia se torne o mais próspero dos impérios.

"O Homem mais rico.." tem algo a dizer no sentido de dar boas dicas sobre finanças pessoais, como sempre reservar 10% da renda assim que botar as mãos no dinheiro. Isto é, poupar primeiro, gastar depois e no fnal do mês decidir onde investir o que foi poupado.

Aliás, o livro é uma série de dicas como essa, num formato de fábula moral. Nada mais.

Não tem nenhuma pretensão real de "ajudar as pessoas", revelar segredos do universo, ou curar problemas, etc.

Não passa de uma "
história infantil para adultos", sobre um tema bem sério: grana.

Atenção: só compre se o tema "Educação Financeira" for de fato muito importante pra você. Caso contrário, vale mais a pena ler um resumo dos conceitos em algum site e não gastar os 19$90.

sábado, 18 de agosto de 2007

"A Arte de Viver"



Um ancestral da auto-ajuda.

Mas ainda assim, fraco como toda auto-ajuda moderna.






Esse livro, da editora Sextante, é uma versão um tanto reescrita do clássico de Epitecto, filósofo da Roma Antiga.

Tem um valor histórico grande, uma vez que Epitecto foi um precursor da auto-ajuda. Mas não é por esse significado acadêmico que o livro deixa de ser uma porcaria.

Como eu já disse, Epitecto foi um dos primeiros a fazer o que hoje chamamos de auto-ajuda. Na Roma de César esse filósofo era pago por grandes generais para dar palestras motivacionais para as tropas, bem como escrever manuais de filosofia que eram levados no bolso para leitura individual nas campanhas militares. Tais livrinhos não passavam de uma coletâneas de dizeres, aforismas e máximas que tinham por objetivo levantar o moral dos combatentes e deixá-los dóceis às ordens de seus superiores.

"A Arte de Viver" é em parte um resultado desses manuais para soldados.

Epitecto, que foi escravo, tinha uma visão de felicidade que consistia basicamente em obedecer regras imutáveis. Sua obra, certamente por conta desse detalhe importante de sua biografia, pode ser resumida da seguinte forma: "Entenda as leis do universo, se conforme com elas, aprenda a obedecê-las de forma prudente. Assim você cumprirá seus deveres, não pensará em coisas tolas e será feliz".

Assim, podemos dizer que "A Arte de Viver" é um manual para formação do escravo feliz. A palavra-chave para entender esse livro é conformismo.

É curioso notar como a auto-ajuda "evoluiu" desse ancestral para uma abordagem não-conformista, na Modernidade. Epitecto vende hoje por causa de seu valor histórico, e da brandura de suas máximas, que têm o efeito de uma analségico nas ansiedades em pessoas que já tenham uma atitude conformista para com a vida.

Mas o público (pós?) Moderno em sua maioria prefere auto-ajuda que diga "Não se conforme! Seja o que você quiser ser. Você pode tudo!"

quarta-feira, 25 de julho de 2007

"Quem somos nós?"

Sinceramente, se pra saber você precisa ver esse filme, é melhor ficar na ignorância (que, como diz o outro, pode ser uma benção)



Sem exagero, esse é uma das piores coisas que eu já vi. (OBS: Fui forçado a tal porque todo mundo no escritório resolveu fazer uma sessão de cinena cult. Afff!)

Parece que agora virou modinha auto-ajuda sair disfarçada de documentário ("O Segredo" vai na mesma linha). Credo! Acho que isso acontece porque as pessoas andam tão desacostumadas a ler que preferem sentar a bunda num sofá por pouco menos de 2 horas e fingir que aprenderem como ser felizes vendo a um filme (ruim).

Resumidamente, "Quem Somos Nós?" (bluerrgghhh! Desculpem!) é um misto de documentário e ficção. O filme narra a história de uma fotógrafa madura, inteligente e surda-muda(detalhe irrelevante posto apenas para ser politicamente correto) que se depara com dúvidas sobre o Ser, a Existência, etc. Ao longo do filme, de maneira mágica, ela vai sendo apresentada a conceitos científicos(?) de Física Quântica, Genética e Psicologia, e no final ela chega a conclusão que a vida que ela leva é criada por ela mesma, por isso ela precisa ter pensamento positivo.

FIM.

Sério. É isso.

Isso e uma I-N-T-E-R-M-I-N-Á-V-E-L seqüência de cenas com discursos cabecistas, jargões de Física Quântica, mil celebridades acadêmicas falando como gurus New Age, dentre outras coisas insuportáveis.

Nisso ele lembra o também cabecista "O Tao da Física", de Fritjof Capra. E até aquele filme modorrento que saiu dele, onde três personagens ficam dialogando por umas 5 horas de filme e no final não concluem nada.

"Quem Somos Nós?" tem um roteiro tão confuso que os 40 minutos iniciais, amenos e filosóficos, viram do nada uma comédia pastelão (estilo Trapalhões mesmo!) com danças tresloucadas, gente dando piti e animações computadorizadas tosquíssimas.

A mensagem (de que "somos os co-criadores da Existência".. que lindo!) é repetida 1000 vezes e de forma exaustiva. O filme poderia ter acabado em umas 12 cenas que daria na mesma. Mas ao invés disso ele se extende, e extende... e extende... (o que me faz crer que se trata de uma tentativa pavloviana de lavagem cerebral).

Enfim, odiei! Recomendo como laxante.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

"Filho Rico Filho Vencedor"





Apenas mais do mesmo. E ainda por cima mais caro!




Desta vez custa 59$90! (O primeiro da série, "Pai Rico Pai Pobre", custa hoje 29$90). Além de mais papel e volume, o livro não muda em nada do primeiro. Basicamente os mesmos conceitos e filosofia do primeiro livro, acrescido de duas coisas:

1) uma tipologia de perfis financeiros possíveis para seu filho, em Investidor, Dono, Patrão e Empregado. Kiyosaki prescreve que devemos ensinar nosso filhos primeiro a ser padrões e donos, almejando que se tornem investidores (estágio final do desenvolvimento financeiro, quando a pessoa não precisa mais trabalhar para viver: vive de rendimentos de seus ativos).

2) uma série um tanto desconexa de dicas de como preparar as crianças, dentro de casa, para serem investidores, donos de negócios, patrões.

Minha maior crítica a esse livro é que Kiyosaki se propõem a ensinar um importante tema para crianças (educação financeira) sem parecer levar em conta teorias do desenvolvimento infantil, motivação, modelos de aprendizagem, etc. O livro apenas oferece dicas que devem ser pescadas pelo leitor.

Faz falta uma teoria geral que dê estrutura pro que ele diz. Sem esse rigor conceitual, a obra parece mais uma daquelas sacolas de onde se tira versinhos inspiradores pro cotidiano.

Um ou outra dica é boa, como esta

"P: Quando devo falar de dinheiro com meu filho?"
"R: Quando ele demonstrar interesse. Não importa a idade"


Cito também a dica de dar mesada numa curva crescente de valor conforme a idade, junto a bônus por serviços domésticos, mas parar quando a criança tiver condições de ter um emprego simbólico, como cortar a grama dos vizinhos, para fazer seu próprio dinheiro.

Mas é isso que o livro é: um apanhado de dicas, escritas de uma forma meio desorganizada e prolixa. Sim, prolixa. Até acho que ele iria fazer muita grana se lançasse uma versão "Leitura Rápida", de apenas 20 páginas.

domingo, 22 de julho de 2007

"O Poder da Inteligência Emocional"


Já falei sobre o livro "Inteligência Emocional", de Daniel Goleman, neste Blog (se não leu, confira antes de ler este post).

Por isso o comentário sobre "O Poder da Inteligência Emocional" será mais curto. Afinal esse livro não acrescenta nada conceitualmente (não que Goleman tivesse formidáveis conceitos. Longe disso!). A inovação dele está na aplicação da "teoria" de Goleman na temática específica da liderança em organizações.

O ponto alto do livro e única coisa que compensa ser estudada e refletida nele é uma tipologia interessante de líderes pelo critério do uso que fazem de suas emoções para exercer influência sobre os liderados.

Os líderes podem ser consonantes (se usam emoções positivas, agradáveis para liderar, como alegria, amor, enlevo, empatia, etc) ou dissonantes (se fazem uso de emoções consideradas negativas, como medo, raiva, etc). Os autores defendem que em determinadas circunstâncias, um líder dissonante que seja um verdadeiro déspota é o mais indicado. Por exemplo, quando é necessário transformar uma organização que está em total caos emocional. Mas recomendam, de um modo geral, que emoções agradáveis sejam cultivadas como marcas de liderança.

E esse é o mérito de "O Poder da Inteligência Emocional": reconhecer que nem todo líder precisa bonzinho e que ser um "servidor amoroso" não é a fórmula única da liderança(como diz "O Monge e o Executivo").

sexta-feira, 20 de julho de 2007

"Aprender a Viver"







Nova tendência: incentivar o filosofar ao invés de dar dicas prontas de auto-ajuda







O sucesso de "Aprender a viver" reflete uma tendência. A de que algumas pessoas preferem lições introdutórias de Filosofia a ler auto-ajuda (que é Filosofia barata). São outros sinais dessa tendência: saraus, jornadas científicas para leigos, varais literários, a popularização de seminários intelectuais e organizações como a "Casa do Saber", em SP.

A tendência é essa: gente com grana e alguma escolaridade estudando Filosofia por conta própria, seja porque é bonito (educação humanística clássica), porque está na moda (e tudo que vem da França não vira moda?), porque é instigante (intelectual e existencialmente) ou porque ajuda no Curriculo (alguns empregadores podem se impressionar).

O autor é um intelectual badalado, já foi Ministro da Cultura da França. O livro não é auto-ajuda. Digo isso não porque ele não consta na tal lista da Veja (a revista o classifica como "Livro de Não-Ficção"). Mas sim porque ele não contém fórmulas para sair por aí aplicando para ser feliz. Em suma, não é um manual. Está mais para um almanaque de Filosofia. Ou um resumex "FIL 101".

Se você acha que vai ler livros como esse e ter respostas para suas perguntas está errado. O propósito do livro é apresentar panoramas sobre questionamentos e reflexões de diversos filósofos sobre temas variados (morte, saúde, amizade, amor, ética, etc) e com isso incentivar o leitor a filosofar por conta própria. Ou seja, fazer o leitor gerar mais questões ainda, ao invés de responder as suas. Esse exercício intelectual é salutar, defende o autor, para aprender a viver.

O livro de Luc Ferry é apenas um expoente de uma corrente que vem crescendo, especialmente com os autores da "Psicologia Positiva", como Seligman. Corrente distinta da auto-ajuda, e que pode ser identificada como uma tentativa de popularizar temas que historicamente estão restrito ao meio acadêmico. Dentre eles, destaca-se a Filosofia Clássica, em especial em sua dimensão Ética.

Isso porque o grande objetivo desses livros é promover a reflexão e o aprendizado da Felicidade, por isso sempre enfatizam aspectos éticos, e não estéticos, lógicos, políticos, etc.

Acho essa estratégia didático-editorial de Filosofia uma tendência interessante, pois ela é francamente didática e não formulativa. A única crítica cabível seria a de se ser superficial demais no conteúdo, ou de restringir-se utilitariamente a questões éticas, deixando de lado toneladas de filosofia sobre Metafísica, Estética, Política, etc.

Mas ora... E qual introdução é densa e profunda?

Deixando claro: não é auto-ajuda, mas também ninguém larga esses livros entendendo de fato de Filosofia.

sábado, 14 de julho de 2007

Palestras motivacionais funcionam?


Os colaboradores estão desmotivados. Que fazer? Contratar um psicólogo, ou celebridade, ou qualquer sorte de bom orador, pode ser uma solução: uma palestra motivacional pode entusiasmar e produzir importantes
insights que farão as coisas mudarem.

Correto?

Duvido! Olha, sei não, hein...

O que sempre ouço sobre essas palestras são comentários como "Ficamos entusiasmados, mas alguns dias depois tudo havia voltado ao normal". Então, qual o problema com elas?





Apesar da vantagem prática de poder carregar um livro ou manual de auto-ajuda e ler em qualquer lugar, a palestra motivacional tem uma vantagem maior: o poder mágico do ritual.

Pessoas se reúnem mediante regras de tempo, espaço e papéis, para absorver palavras especiais ditas por alguém especial (um santo de fora de casa, quase sempre. Ou seja, um fazedor de milagres) que vão tocar suas mentes e corações e fazer mudanças impressionantes acontecer.

Há algo de mágico nisso. Mágico em termos de "eficácia simbólica", estudada pela Antropologia, quero deixar claro.

Certamente essas palestras entusiasmam. Ainda mais quando verdadeiros shows, com bom humor, recursos audio-visuais, interação lúdica com a platéia, etc

Mas então, essas palestras funcionam? Adianta pagar por palestras motivacionais ou isso é mais auto-ajuda?

Thorndike disse que apenas 10% dos benefícios esperados se concretizam quando trabalhos dessa natureza são realizados. E é isso que se observa mesmo. Após 1 mês ou 2, se não houver estratégias concretas de manutenção da aprendizagem, desses pequenos shows não resta nada mais que lembranças agradáveis.

Fora isso, há também a questão que o público, em geral, já sabe, já tem ciência do conteúdo da palestra. Estão ali apenas para sensibilização, isto é, passar a sentir a importância do conteúdo, além de saber intelectualmente. Por isso é normal ouvir "Eu já sabia tudo que o palestrante disse. Mas é bom ouvir dele. Vale o dinheiro investido!"

Por isso talvez fosse melhor chamar esses eventos de palestras de sensibilização, e deixar a motivação para sistemas mais eficazes, como programas de remuneração variável, p.e.

Penso que esses são os 2 efeitos possíveis de uma palestra dessas: sensibilizar (efeito de curto prazo, de natureza emocional) e informar (efeito de longo prazo, de natureza racional) sobre algum tema. Sobre motivar, pode até ser, mas duvido muito! Confio mais em outras estratégias motivacionais, como bônus por desempenho, p.e.

Tudo me faz crer que essas palestras são como injeções iniciais em um tratamento farmacológico de longo prazo. De nada adianta conferi-las, se o restante do tratamento não for feito. E esse restante, via de regra, não consiste em tentar mudar o colaborador, mas de tornar a organização em que esse colaborador está inserido um contexto mais inteligente e eficiente de trabalho.

CONCLUSÃO: Não tente mudar
apenas a cabeça dos colaboradores. Se eles mudarem e a organização não co-evoluir os resultados não serão nem de longe o esperado! Alie palestras de sensibilização e/ou de informação com estratégias concretas de motivação.

terça-feira, 10 de julho de 2007

"Inteligência Emocional"


Fraco, mas pegou pra valer.


Esse é um caso especial na auto-ajuda. Não que o livro seja bom (não vale os 45$, não compre!). É que ele conseguiu inserir no Senso Comum seu título como um conceito em Psicologia Organizacional.

Depois de 1996, seu ano de lançamento, de repente todos os desafios em empresas foram reduzidos a ter a tal da inteligência emocional. De tudo: liderança, motivação, comunicação, etc. Foi aí que passou a se falar mais, por exemplo, em seleção de emprego por atitudes e valores.

Portanto, cuidado. Se você trabalha com psicologia organizacional, certamente ouvirá falar muito de inteligência emocional nisso, naquilo, etc. E vez por outra talvez tenha que usar esse termo para se comunicar com algum chefe ou colega leigo em Psicologia! Se for o caso, ao menos saiba o que ele significa...

Vamos lá: o que é Inteligência Emocional para o autor?

É a capacidade psicológica de

1. auto-percepção dos sentimentos através da escuta do corpo

2. disciplinar nossos sentimentos e emoções

3. ter empatia e com isso compreender como os outros se sentem e agir de acordo.


Isso é o núcleo do livro. Acabou.

Ora, o que Goleman descreve como uma capacidade psicológica distinta me parece nada mais nada menos que uma aplicação da boa e velha conhecida pela Psicologia capacidade de raciocínio e juízo à nossa vivência emocional.

Goleman não descobriu nada. Apenas inventou termos novos e bons de marketing para velhos conceitos.

O mérito dele foi ter vendido bem a idéia salutar de que precisamos compreender e gerir nossas emoções para sermos felizes. Outro mérito: relativizar a idéia de que o trabalho demanda apenas competências técnicas e racionais. Afinal, ser competente com pessoas pode ajudar...

Fora esse conceito, o livro é uma calhamarço de centenas de páginas de firulas, historinhas bobas e discursos moralistas, chegando a conter um inútil capítulo sobre neurociência que não explica nada.

A prova de que era uma obra de um tiro só é o fato de que sairam inúmeros da série, apenas aplicando esse conceito-único supra-citado em circunstâncias distintas: "Inteligência Emocional no Trabalho", "Inteligência Emocional e Arte de Educar nossos filhos", "Liderança e Inteligência Emocional", etc. E até uma nebulosa "Inteligência Espiritual" o autor tentou emplacar, mas essa não pegou. (Seria a capacidade de refletir sobre questões existenciais).

Estou até hoje esperando que saia "Inteligência Emocional e a arte de suportar besteiras".

domingo, 8 de julho de 2007

"Crianças Índigo"




Eu estava estudando as diferenças entre gerações de crianças nascidas entre 1970-80, e as de 1990 em diante; e uma amiga, que prefiro não dizer o nome, me recomendou que eu lesse esse livro, pois era "muito revelador".

Pra começo de conversa, é um livro espiritualista, baseado em "leitura de aura". Não é filosofia e muito menos psicologia: é espiritualismo.

Pois bem... "Crianças Índigo" têm esse nome porque suas auras tem esse tom de azul profundo. Elas já nascem Mestres, inteligentes, decididas, e por isso não podem ser contrariadas. Os pais devem entender que são enviados divinos. Elas não obedecem, o que é um sinal de sua superioridade inata, e por isso devemos negociar de igual pra igual tudo com elas.

De algumas décadas pra cá, as crianças índigo passaram a nascer com mais freqüência, o que é um sinal que o mundo vai evoluir depressa nas próximas décadas, quando elas forem adultas.

Porém, e aí está a mensagem que supostamente justifica você comprar esse livro, os pais e escolas devem entender a Majestade delas hoje, para que isso seja possível.

O livro, claro, ensina como... Sei...

Há um motivo bem lógico para tantas crianças serem desobedientes, mandonas, mesquinhas e sem empatia: a falta de educação familiar em casa. Os pais dessas crianças cresceram ouvindo que deviam dar liberdade infinita aos filhos. E quando viraram pais, pra piorar, tiveram que ocupar todo o tempo com o trabalho. Resultado: crianças criadas sem limites, sem orientações éticas, verdadeiros monstrinhos frutos de uma releitura contemporânea da filosofia "Sua Majestade, o Bebê".

Esse livro, "Crianças Índigo" simplesmente afirma que é isso mesmo: devemos tratar nossos filhos como reis. O livro "Crianças Índigo" naturaliza a patologia!

Nada de disciplina. Nada de limites. Nada de orientações. Apenas negociar de igual pra igual. Ora, a própria etimologia da palavra pedagogia ("orientar o pequeno") implica na desigualdade dos papéis na educação.

O mérito único da obra é incentivar os pais a tratarem com respeito os filhos, conversando, ouvindo, negociando (sim, em determinadas circunstâncias é saudável negociar).

Agora, os deméritos são inúmeros, como já demonstrado.

E o pior deles: a autora chega a dizer que diagnósticos de Défict de Atenção devem ser ignorados quando o pai crê que seu filho é uma Criança Índigo.

"Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes"




O conceito deste livro é simples: uma pessoa pode ser gerida tal qual uma empresa







"Os Sete Hábitos..." é um clássico da auto-ajuda dos EUA, e só pode ser entendido levando-se em conta o contexto cultural norte-americano, especialmente do autor, Stephen Covey, líder mórmon do estado "red sock" de Utah.

Já no título ele diz ao que veio: ensinar hábitos. Isto é, mudança de fora pra dentro (semelhante ao clássico "Como fazer amigos e influenciar pessoas", veja no primeiro post deste Blog). Em seguida, o uso do termo "pessoas eficazes" mostra como Covey, que é consultor empresarial, pensa o leitor. O objetivo do livro é a aumentar a eficácia, isto é, produtividade de resultados no leitor. Esses "resultados pessoais" são entendidos como bens morais que a pessoa tem para ofertar e assim contribuir para a vida em sua comunidade. (Algo bem mórmon!).

Como ele faz isso? Através de princípios morais. Antes de adquirir os 7 hábitos, o leitor precisa seguir princípios imutáveis de conduta (a parte moralista do livro,que é levemente tocada), como lealdade, coragem, pureza, etc.

Em seguida, os 7 hábitos, agrupados em 3 classes:

A) Vitória interior

1. Seja proativo, acredite que você é responsável pela sua vida, pare de reclamar e faça.

2. Tenho objetivos claros. Saiba o que você quer!

3. Saiba priorizar. Primeiro vem o mais importante, e isso é uma escolha moral.

B) Vitória exterior

4. Aja de uma forma em que todos saiam ganhando

5. Seja um bom ouvinte

6. Crie sinergia no grupo, liderando por princípios morais.

C) Renovação

7. Às vezes pare e tire uma folga. Um repouso sabático para relaxar e aprender coisas novas.

Se você prestou atenção, notou que os 7 hábitos são um manual empresarial para a vida pessoal. Ou seja, ele parte de uma visão da vida como uma carreira, que tem muito da cultura dos EUA, especialmente dos mórmons e religiosos do meio-oeste em geral, para os quais o trabalho e o dinheiro são dons divinos que engrandecem a vida.

Particularmente, acho que esses hábitos certamente aumentarão sua eficácia (como pessoa que precisa produzir algo na vida) e o grande mérito do livro foi compilá-los numa lista lógica e vender como uma fórmula de consultoria organizacional para indivíduos.

Mas não gaste 35$ para estudar esse livro. Porque o livro em si é uma série de historinhas morais sobre os hábitos, muita encheção de lingüiça. E você já leu a essência, isto é, a fórmula organizacional dele, aqui no meu Blog! :D

sexta-feira, 6 de julho de 2007

"Mais Platão, Menos Prozac"




Auto-ajuda ou Filosofia Aplicada?

Auto-ajuda, com certeza...






Não gaste 45$ com este livro!

Este livro inaugurou uma onde editorial de "Filosofia Aplicada ao Cotidiano" (aliás, é seu sub-título). Trata-se de um marco de uma auto-ajuda assumidamente mais filosófica e menos psicológica (como eu já defendi neste Blog, a auto-ajuda é Filosofia, e não Psicologia).

Basicamente o autor, que é um PhD em Filosofia, defende que a maioria das pessoas é saudável, e que a maioria dos desconfortos pessoais não vêm de doenças ou transtornos mentais, mas de inquietações existenciais, como o medo natural da morte, a ansiedade pelo desenvolvimento, dúvidas sobre o sentido da vida, etc.

Já que é assim, terapia não é necessária. Uma educação mais rica em Filosofia e eventuais aconselhamentos e diálogos informais bastariam. Um café filô pode valer tanto ou mais que terapia de grupo...

Pra começo de conversa, em Psicologia essas questões desenvolvimentais estão contempladas sim. Especialmente em terapias de base Existencialista, que basicamente propõe as mesmas reflexões e questionamentos que "Mais Platão, Menos Prozac" propõe, contudo dentro de um programa pretensamente científico de diagnóstico e tratamento.

Da mesma forma, a crítica a psicopatologia (de que psicólogos vemos apenas doenças e não o paciente como um Ser) que o autor faz não se sustenta se estudarmos a "Psicologia Positiva" de Seligman (que alguns dizem que é pura auto-ajuda, e sobre isso falarei no futuro) e também a abordagem terapêutica humanista de Carl Rogers.

"Mais Platão, Menos Prozac" tem o mérito de incentivar a reflexão filosófica e a leitura dos clássicos como Platão, Nietzsche, etc. Sem dúvida precisamos de mais educação humanística em Artes, Filosofia, etc. Sua crítica ao modelo médico clássico de psicoterapia tambem procede (como Thomas Szasz diria).

Mas comete o erro de desistimular a busca de pessoas por terapia e aconselhamento profissional quando de fato precisam. Afinal, o risco de um paciente com depressão deixar de se tratar para ficar filosofando no lugar é muito maior que o de uma pessoa "filosoficamente inquieta" ir ao psicólogo e ser avaliado.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

"Pai Rico Pai Pobre"


Esse livro meio que inaugurou a onda de se falar em educação financeira para crianças. Kiyosaki, o autor, defende que os pais devem educar seus filhos sobre esse tema, porque os agentes escolares (pobres assalariados) não podem ensinar o que não sabem nem pra si.

Os conceitos básicos do livro, fora a educação financeira no lar, são:

a) ter
valores de gente rica, pensar como elas e não como os pobres, para se tornar um Empresário e Investidor, e não um Assalariado. Aliás, certamente essa parte é o núcleo do livro, que o autor chama de "Mudança no eixo de valores";

b) aprender
vivencialmente as 4 competências financeiras (Contabilidade, Direito Tributário, Marketing e Investimentos).

Um ponto positivo é a insistência do autor numa didática lúdica para o tema. Ele recomenda diversas vezes que os pais joguem "Banco Imobiliário" com seus filhos, para oportunizar conversas francas sobre o dinheiro. (Kiyosaki tambem criou um jogo de tabuleiro sobre Finanças, o CashFlow, que é muito chato e difícil).

Esses são os méritos da obra. Mas pára por aí.

Os conceitos são expressos numa narrativa que o autor defende ser verdadeira, mas já ficou provado que não é. Pseudo-autobiográfico, narraria como o autor aprendeu com o pai do melhor amigo a ser um milionário, ainda na infância. Com o Pai Rico, do amigo, teria aprendido como ser rico; e com seu Pai Pobre, que era funcionário público, a como ser socialmente responsável (coisa que não aparece em nenhuma linha do livro inteiro!).

Fora isso, a Contabilidade ensinada é por demais simplificada. A parte de Investimentos basicamente se restringe a especulação, também. A visão de riqueza do autor é simplesmente
ter luxos, e ele parece ignorar diversas questões éticas e salutares. E o pior: o livro é muito centrado nos EUA, e boa parte do que ele fala (sobre impostos, p.e.) simplesmente não significa nada para os brasileiros!

Esse livro deu origem a diversos outros, todos muito ruins, como "Guia de Investimentos do Pai Rico", "Filho Rico, Filho Vencedor", "Profecias do Pai Rico", etc.

Ao contrário da maioria dos livros de auto-ajuda, este tem um pouco mais de conteúdo e é bastante inovador na temática, apesar de não passar de uma aplicação dos conceitos de "O Homem Mais Rico da Babilônia" (clássico da auto-ajuda financeira escrito há 60 anos) a educação infantil.

Mas, acredite, não vale a pena gastar entre 30 e 40$ com ele. Arrume alguém interessado pelo assunto, leia este Blog e vá conversar sobre :-)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Auto-ajuda é Psicologia?

(Epicuro, fiólosofo da Roma Antiga:
o bisavô da auto-ajuda?)


Essa pergunta é comum. Eu defendo que auto-ajuda não é Psicologia.

O trabalho do psicólogo é sempre casuístico ("cada caso é um caso") e depende de uma avaliação do(s) cliente(s) em questão.

A auto-ajuda, ao contrário, se fundamenta na idéia de que há fórmulas de ajuda que são universais, vão funcionar, para aquele tema, com qualquer tipo de pessoa, em qualquer circunstância. Não é necessário, pois, ouvir o cliente, compreendê-lo. Apenas se administra as fórmulas de ajuda, imediatamente.

Penso que essa é a maior diferença entre auto-ajuda e Psicologia.

Acho mesmo que auto-ajuda é uma cria da Filosofia, e não da Psicologia. Se estudarmos a árvore genealógica dos bestsellers de auto-ajuda, vamos descobrir que os primeiros foram escritos por filósofos modernos, na Europa, como os manauis de etiqueta social na França do século XVIII. Antes disso, filósofos da Roma Antiga, como Epicuro, já eram pagos por César para dar palestras motivacionais às suas tropas.

Talvez os primeiros livros de auto-ajuda tenham sido os manuais de ética que Epicuro escreveu para os oficiais de César. Esses ensinavam a "felicidade do servo": a humildade, o conformismo e a obediência às leis do universo e do Império como fórmulas universais da felicidade.

Concluindo: auto-ajuda não é Psicologia. É filosofia... barata!

terça-feira, 3 de julho de 2007

ATENÇÃO! Eu vou revelar "O Segredo"


Não quero ser estraga-prazeres mas... vou contar!

Não gaste os 39$90 que este livro "vale" (se bem que já baixaram para 29$90 na Americanas.. hehehe..)


Um belo dia, no cinema em Floripa, me deparei com um trailer constrangedoramente mal feito. Era um tal documentário de produção para TV (depois descobri que era isso mesmo, para a TV australiana) onde um grande segredo seria revelado para todo o mundo, e isso mudaria a história da Humanidade, pois ao longo dos tempos, apenas o grandes gênios e conquistadores conheciam o Segredo!

Que estratégia de marketing desleal! Sabem qual é o segredo?

"Se você fizer pensamento positivo, mentalizar exatamente o que quer e for persistente nesse foco, conseguirá".

FIM.

É sério: o livro, e o filme, consiste em diversas citações de pensadores sobre otimismo e perseverança, bem como ilustrações e exemplos do cotidiano de várias pessoas. Tudo para expressar a "profunda" sabedoria d'O Segredo.

O segredo é o pensamento positivo. Mas ora, isso Joseph Murphy já havia defendido no Clássico da auto-ajuda "O Poder do Subconsciente", há mais de 50 anos!!! Êta gente que não lê os "clássicos", bah!


Ora, só que desta vez a mesmice veio com nova roupagem: ao invés da teoria freudiana do inconsciente (como fez Murphy) "O Segredo" faz uso de linguajar pseudo-científico, especialmente ao falar da manjadíssima Física Quântica e afins aplicada a vida cotidiana.

Por exemplo, em uma das cenas alguma celebridade prova que se trata de uma obra não-científica ao apelar para uma explicação mágica, quando diz algo como: "Você não entende como a eletricidade funciona, mas sabe que ela funciona. Da mesma forma você não precisa entender como o Segredo funciona, apenas aceitar".
O mais incrível é que esse livro e filme se tornaram a obra de auto-ajuda mais vendida de todos os tempos. Pensando bem, incrível coisa nenhuma: a auto-ajuda é uma indústria que vende mesmices recicladas para leitores não exigentes e pouco informados, mesmo.

Pois é, mas Murphy não tinha toda o aparato tecnológico para fazer um pseudo-documentário e nem a grana pra o marketing milionário...


Agora vou exercer (sorridente) um pouco de futurologia (hehehe): "O Segredo" será esquecido em alguns anos (5 ou 6) e outra obra falando as mesmíssimas coisas vai aparecer (no máximo em uma década) e se tornará outro Bestseller.

Tudo bem ter otimismo e pensamento positivo. Aliás, prego isso. O que é errado é pagar para ver esse filme ou ler o livro, pois ao fazer isso você só está alimentando uma indústria anti-ética (a da auto-ajuda) que explora a ignorância e o sofrimento de pessoas que buscam respostas para a vida, vendendo obviedades, mesmices e falsas esperanças em fórmulas mágicas.

Como diz o Adriano Falciolli, leitor deste Blog, a indústria da auto-ajuda engarrafa água de rio e vende como mineral e com propriedades medicinais!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

"Como se tornar um líder servidor"

"Como se tornar um líder servidor"


A continuação de "O Monge e o Executivo". Na verdade, trata-se de um manual prático cuja didática tenta explicar os conceitos do primeiro.

Na prática mesmo, mais encheção de lingüiça. Um caso típico de "venda atrelada" sem agregação significativa de valor. O livro apenas expande o que foi dito no primeiro, com histórias da carreira do autor, e frases sobre liderança pescadas de gurus. Nada demais.

Se você comprar os 2, vai desembolsar cerca de 40$. Mas claro que você não precisa gastar esse dinheiro. Basta ler o meu Blog! :-)

"O Monge e o Executivo"



Bestseller de auto-ajuda que fala sobre liderança





Em síntese, prescreve uma visão cristã do amor como a essência universal da liderança







referência

http://www.esextante.com.br/publique/cgi/public/cgilua.exe/web/templates/htm/principal/view_0002.htm?editionsectionid=2&infoid=1085&user=reader



Esse tema é batidíssimo. Mas o livro inova associando a disciplina espiritual cristã, o queé seu ponto fraco, também, poris torna a narrativa moralista.

Basicamente ele defende que a liderança é influenciar pessoas pro Bem, motivando-as através do Amor. A visão de Amor do livro não é a romântica, mas a cristã, presente na Bíblia em "I Cor. 13" (um misto de dedicação, honestidade, altruísmo, paciência, etc). Quando se influencia as pessoas positivamente por vínculos de amor, a liderança brota naturalmente por uma autoridade respeitosa, e não pelo uso coercitivo da força, ameaças, berros, etc.

Acabou.

Isso é o livro.

Isso e, claro, muita encheção de lingüiça.

OBS: um mérito do autor é reconhecer o "Princípio 10% de Thorndike": "Apenas 10% do trabalho em treinamento de pessoal consegue atingir efetividade de mudanças no mesmo, se o ambiente organizacional não for alterado junto".

sábado, 30 de junho de 2007

Por que ler auto-ajuda?

O objetivo deste Blog é um e claro: evitar que você gaste seu dinheiro com livros de auto-ajuda.

Afinal, todos eles são mais do mesmo. Max Gehinger diz que a auto-ajuda se resume a dois princípios: "Faça pensamento positivo, e o mundo mudará para melhor" (Postulado em "O Poder do Subconsciente", de Joseph Murphy) e "Adquira hábitos e relações sociais melhores, e você mudará" (postulado em "Como fazer amigos e influenciar pessoas", de Dale Carnegie). Uma fala de mudança de dentro pra fora; outro, de fora pra dentro.

E é isso.

Não, gente. É sério. É isso. Apenas isso.

Ora, então por que a Auto-Ajuda ainda vende horrores? (Aliás, vai indo muito bem).

Defendo dois motivos principais: novidades sempre são bem-vindas, e a sociedade vide de modas e esquece ou ignora os “clássicos”; e novos problemas apareceram, pedindo releituras específicas dos dois princípios fundamentais já citados.

Fora isso, também parece que a auto-ajuda, especialmente a corporativa, tem uma propriedade semelhante às fórmulas lingüísticas de encantamento, que precisam ser repetidas e repetidas; ou ainda, é parecida com a lógica de um poema cabecista, que precisa ser decorado para ser declamado diversas vezes, numa estratégia de ostentação de saber.

O conceito deste Blog é simples: vou ler (ou pesquisar sobre com quem está lendo) os bestsellers de auto-ajuda das listas “Top 10” da revista Veja e afins. Em seguida, comentá-los para que você não precise ler o material, e possa sair por aí banco uma de esperto e atualizado, chegar com seus colegas e dizer que sabe das coisas, ou com seu chefe e exibir um jargão elegante ou as palavrinhas da moda no mundo corporativo sem fazer feio.

Também pretendo abrir a caixa preta desses livros e revelar seus princípios e segredos, mostrando que não têm nada de mágico.

Aceito sugestões.

Chute inicial dado, que a partida comece...