sexta-feira, 29 de junho de 2012

Alain de Botton explicando (e superando?) a Auto-Ajuda




"Os filósofos precisam voltar a
escrever para o público geral"
, diz Alain.
Alain de Botton me foi apresentado como um popularizador da Filosofia. 

Por sinal eu conheci ele através de uma série pra TV (que assisti no YouTube), aonde em cada episódio ele apresenta o pensamento de um filósofo (Coloquei um vídeo dessa série no final deste post).

Li duas obras de Alain de Botton: "As Consolações da Filosofia" e "Como Proust pode mudar sua vida". Gostei muito da primeira, aonde o autor fala de diversos filósofos de forma atraente, acessível. A segunda achei meio forçada, pois ele propõe que a literatura de Proust pode salvar as pessoas do desespero existencial (Me parece que ele apenas gosta demais de Proust e fez uma homenagem exagerada).

Quando as pessoas lhe perguntam se ele é um escritor de auto-ajuda, Botton dá uma resposta bem interessante... 


Começa explicando que desde a Antiguidade Clássica os filósofos costumavam escrever manuais práticos sobre questões da vida cotidiana para o público geral. 


Aproveitando um tema em voga hoje em dia,
Botton escreve um livro sobre ateísmo
Diversos pensadores romanos fizeram isso, abordando desde técnicas de oratória até discussões éticas e sobre o amor. Em seguida, muitos filósofos modernos fizeram o mesmo. Mas, destaca Botton, em um determinado ponto da História os filósofos se tornaram preciosistas, técnicos e herméticos demais em suas abordagens. Ao mesmo tempo, fecharam-se no meio acadêmico (a maioria dando aulas em universidades), aparecendo na mídia só de vez em quando, na forma de intelectuais consultados sobre questões da ordem do dia.

A auto-ajuda teria nascido, segundo o autor, do vácuo que os filósofos deixaram no público leitor quando se tornaram acadêmicos demais e pararam de escrever sobre questões do cotidiano, visando o leitor comum. Os autores de auto-ajuda apenas se aproveitaram da carência de um público sedento por conhecimento de qualidade, mas acessível, e inundaram as prateleiras com livros que prometem isso, mas entregam textos ruins, repletos de fórmulas ilusórias para o sucesso.


Claro que o que Botton diz suscita dúvidas:


- Será que isso não é "papo de vendedor"? Ele pode ser apenas mais um escritor de auto-ajuda querendo posar de sabido...


- Será que dá para filósofos e acadêmicos produzirem "pras massas" e manter a qualidade e rigor do conhecimento ?


- A auto-ajuda pode ser "melhorada"? Ou deve ser substituída por livros de divulgação da Filosofia e da Ciência?

Dentre outras questões... Prometo voltar a elas outro dia, porque no futuro certamente falarei mais de Alain de Botton.




Quer saber mais já? 


Leia esta entrevista dele.

Veja também um vídeo em que Botton fala de Nietzsche: