terça-feira, 10 de julho de 2007

"Inteligência Emocional"


Fraco, mas pegou pra valer.


Esse é um caso especial na auto-ajuda. Não que o livro seja bom (não vale os 45$, não compre!). É que ele conseguiu inserir no Senso Comum seu título como um conceito em Psicologia Organizacional.

Depois de 1996, seu ano de lançamento, de repente todos os desafios em empresas foram reduzidos a ter a tal da inteligência emocional. De tudo: liderança, motivação, comunicação, etc. Foi aí que passou a se falar mais, por exemplo, em seleção de emprego por atitudes e valores.

Portanto, cuidado. Se você trabalha com psicologia organizacional, certamente ouvirá falar muito de inteligência emocional nisso, naquilo, etc. E vez por outra talvez tenha que usar esse termo para se comunicar com algum chefe ou colega leigo em Psicologia! Se for o caso, ao menos saiba o que ele significa...

Vamos lá: o que é Inteligência Emocional para o autor?

É a capacidade psicológica de

1. auto-percepção dos sentimentos através da escuta do corpo

2. disciplinar nossos sentimentos e emoções

3. ter empatia e com isso compreender como os outros se sentem e agir de acordo.


Isso é o núcleo do livro. Acabou.

Ora, o que Goleman descreve como uma capacidade psicológica distinta me parece nada mais nada menos que uma aplicação da boa e velha conhecida pela Psicologia capacidade de raciocínio e juízo à nossa vivência emocional.

Goleman não descobriu nada. Apenas inventou termos novos e bons de marketing para velhos conceitos.

O mérito dele foi ter vendido bem a idéia salutar de que precisamos compreender e gerir nossas emoções para sermos felizes. Outro mérito: relativizar a idéia de que o trabalho demanda apenas competências técnicas e racionais. Afinal, ser competente com pessoas pode ajudar...

Fora esse conceito, o livro é uma calhamarço de centenas de páginas de firulas, historinhas bobas e discursos moralistas, chegando a conter um inútil capítulo sobre neurociência que não explica nada.

A prova de que era uma obra de um tiro só é o fato de que sairam inúmeros da série, apenas aplicando esse conceito-único supra-citado em circunstâncias distintas: "Inteligência Emocional no Trabalho", "Inteligência Emocional e Arte de Educar nossos filhos", "Liderança e Inteligência Emocional", etc. E até uma nebulosa "Inteligência Espiritual" o autor tentou emplacar, mas essa não pegou. (Seria a capacidade de refletir sobre questões existenciais).

Estou até hoje esperando que saia "Inteligência Emocional e a arte de suportar besteiras".

2 comentários:

Leonardo disse...

Caro colega,
Apesar de não ser psiquiatra, não concordo com a colocação arrogante na entrada do blog, sobre livros de auto-ajuda. Sabe que nem todos apresentam a capacidade de discernimento que possuímos, por isso livros que aparentemente sejam babacas,com dicas simples, fazem realmente a diferença para a maioria dos iletrados. Fico triste que as pessoas utilizem criticas a auto-ajuda como uma forma de intelectualidade superior. Talvez a tua raiva seja oriunda da perda de pacientes no teu consultório.

Alessandro Vieira dos Reis disse...

consultório?

eu sou designer de produtos

=)