domingo, 8 de julho de 2007

"Crianças Índigo"




Eu estava estudando as diferenças entre gerações de crianças nascidas entre 1970-80, e as de 1990 em diante; e uma amiga, que prefiro não dizer o nome, me recomendou que eu lesse esse livro, pois era "muito revelador".

Pra começo de conversa, é um livro espiritualista, baseado em "leitura de aura". Não é filosofia e muito menos psicologia: é espiritualismo.

Pois bem... "Crianças Índigo" têm esse nome porque suas auras tem esse tom de azul profundo. Elas já nascem Mestres, inteligentes, decididas, e por isso não podem ser contrariadas. Os pais devem entender que são enviados divinos. Elas não obedecem, o que é um sinal de sua superioridade inata, e por isso devemos negociar de igual pra igual tudo com elas.

De algumas décadas pra cá, as crianças índigo passaram a nascer com mais freqüência, o que é um sinal que o mundo vai evoluir depressa nas próximas décadas, quando elas forem adultas.

Porém, e aí está a mensagem que supostamente justifica você comprar esse livro, os pais e escolas devem entender a Majestade delas hoje, para que isso seja possível.

O livro, claro, ensina como... Sei...

Há um motivo bem lógico para tantas crianças serem desobedientes, mandonas, mesquinhas e sem empatia: a falta de educação familiar em casa. Os pais dessas crianças cresceram ouvindo que deviam dar liberdade infinita aos filhos. E quando viraram pais, pra piorar, tiveram que ocupar todo o tempo com o trabalho. Resultado: crianças criadas sem limites, sem orientações éticas, verdadeiros monstrinhos frutos de uma releitura contemporânea da filosofia "Sua Majestade, o Bebê".

Esse livro, "Crianças Índigo" simplesmente afirma que é isso mesmo: devemos tratar nossos filhos como reis. O livro "Crianças Índigo" naturaliza a patologia!

Nada de disciplina. Nada de limites. Nada de orientações. Apenas negociar de igual pra igual. Ora, a própria etimologia da palavra pedagogia ("orientar o pequeno") implica na desigualdade dos papéis na educação.

O mérito único da obra é incentivar os pais a tratarem com respeito os filhos, conversando, ouvindo, negociando (sim, em determinadas circunstâncias é saudável negociar).

Agora, os deméritos são inúmeros, como já demonstrado.

E o pior deles: a autora chega a dizer que diagnósticos de Défict de Atenção devem ser ignorados quando o pai crê que seu filho é uma Criança Índigo.

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