quinta-feira, 5 de julho de 2007

"Pai Rico Pai Pobre"


Esse livro meio que inaugurou a onda de se falar em educação financeira para crianças. Kiyosaki, o autor, defende que os pais devem educar seus filhos sobre esse tema, porque os agentes escolares (pobres assalariados) não podem ensinar o que não sabem nem pra si.

Os conceitos básicos do livro, fora a educação financeira no lar, são:

a) ter
valores de gente rica, pensar como elas e não como os pobres, para se tornar um Empresário e Investidor, e não um Assalariado. Aliás, certamente essa parte é o núcleo do livro, que o autor chama de "Mudança no eixo de valores";

b) aprender
vivencialmente as 4 competências financeiras (Contabilidade, Direito Tributário, Marketing e Investimentos).

Um ponto positivo é a insistência do autor numa didática lúdica para o tema. Ele recomenda diversas vezes que os pais joguem "Banco Imobiliário" com seus filhos, para oportunizar conversas francas sobre o dinheiro. (Kiyosaki tambem criou um jogo de tabuleiro sobre Finanças, o CashFlow, que é muito chato e difícil).

Esses são os méritos da obra. Mas pára por aí.

Os conceitos são expressos numa narrativa que o autor defende ser verdadeira, mas já ficou provado que não é. Pseudo-autobiográfico, narraria como o autor aprendeu com o pai do melhor amigo a ser um milionário, ainda na infância. Com o Pai Rico, do amigo, teria aprendido como ser rico; e com seu Pai Pobre, que era funcionário público, a como ser socialmente responsável (coisa que não aparece em nenhuma linha do livro inteiro!).

Fora isso, a Contabilidade ensinada é por demais simplificada. A parte de Investimentos basicamente se restringe a especulação, também. A visão de riqueza do autor é simplesmente
ter luxos, e ele parece ignorar diversas questões éticas e salutares. E o pior: o livro é muito centrado nos EUA, e boa parte do que ele fala (sobre impostos, p.e.) simplesmente não significa nada para os brasileiros!

Esse livro deu origem a diversos outros, todos muito ruins, como "Guia de Investimentos do Pai Rico", "Filho Rico, Filho Vencedor", "Profecias do Pai Rico", etc.

Ao contrário da maioria dos livros de auto-ajuda, este tem um pouco mais de conteúdo e é bastante inovador na temática, apesar de não passar de uma aplicação dos conceitos de "O Homem Mais Rico da Babilônia" (clássico da auto-ajuda financeira escrito há 60 anos) a educação infantil.

Mas, acredite, não vale a pena gastar entre 30 e 40$ com ele. Arrume alguém interessado pelo assunto, leia este Blog e vá conversar sobre :-)