sexta-feira, 6 de julho de 2007

"Mais Platão, Menos Prozac"




Auto-ajuda ou Filosofia Aplicada?

Auto-ajuda, com certeza...






Não gaste 45$ com este livro!

Este livro inaugurou uma onde editorial de "Filosofia Aplicada ao Cotidiano" (aliás, é seu sub-título). Trata-se de um marco de uma auto-ajuda assumidamente mais filosófica e menos psicológica (como eu já defendi neste Blog, a auto-ajuda é Filosofia, e não Psicologia).

Basicamente o autor, que é um PhD em Filosofia, defende que a maioria das pessoas é saudável, e que a maioria dos desconfortos pessoais não vêm de doenças ou transtornos mentais, mas de inquietações existenciais, como o medo natural da morte, a ansiedade pelo desenvolvimento, dúvidas sobre o sentido da vida, etc.

Já que é assim, terapia não é necessária. Uma educação mais rica em Filosofia e eventuais aconselhamentos e diálogos informais bastariam. Um café filô pode valer tanto ou mais que terapia de grupo...

Pra começo de conversa, em Psicologia essas questões desenvolvimentais estão contempladas sim. Especialmente em terapias de base Existencialista, que basicamente propõe as mesmas reflexões e questionamentos que "Mais Platão, Menos Prozac" propõe, contudo dentro de um programa pretensamente científico de diagnóstico e tratamento.

Da mesma forma, a crítica a psicopatologia (de que psicólogos vemos apenas doenças e não o paciente como um Ser) que o autor faz não se sustenta se estudarmos a "Psicologia Positiva" de Seligman (que alguns dizem que é pura auto-ajuda, e sobre isso falarei no futuro) e também a abordagem terapêutica humanista de Carl Rogers.

"Mais Platão, Menos Prozac" tem o mérito de incentivar a reflexão filosófica e a leitura dos clássicos como Platão, Nietzsche, etc. Sem dúvida precisamos de mais educação humanística em Artes, Filosofia, etc. Sua crítica ao modelo médico clássico de psicoterapia tambem procede (como Thomas Szasz diria).

Mas comete o erro de desistimular a busca de pessoas por terapia e aconselhamento profissional quando de fato precisam. Afinal, o risco de um paciente com depressão deixar de se tratar para ficar filosofando no lugar é muito maior que o de uma pessoa "filosoficamente inquieta" ir ao psicólogo e ser avaliado.

2 comentários:

Felipe Cardoso disse...

Isso me faz pensar que talvez eu seja um depressivo que fica filosofando no meu canto...

Bruno de Oliveira disse...

Não acho que a auto-ajuda seja filosofia, embora possa ser motivada por questões que são comuns na filosofia (ética, transcendência etc.).

Ela está mais para o psicologismo vulgar, sem qualquer grau de rigor. Afastando-se, assim, da Psicologia (uma ciência).

A filosofia requer método e rigor que a auto-ajuda nem sonha em conhecer.